sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Ensino Apostilado e a Venda de Novas Ilusões

A apostila como substituta do didático é um fenômeno recente no contexto brasileiro. O uso dela em escolas particulares é também mais uma forma de lucrar mais diante dos alunos, baseando-se nisto ao longo deste texto tenta-se resolver algumas questões: será que a apostila é melhor, o que ela faz para ensinar de forma diferente. A história do livro didático no Brasil passa por inúmeras fases. Mas, porém, o LD não possui uma historia própria no Brasil. A partir de 1930 o compendio nacional (LD) passa a ser reduzido tendo em vista o encarecimento dos livros importantes. Em 1938 criação de uma comissão nacional do livro didático. Década de 60 assinatura dos acordos MEC-USAID.Início da década de 80 novas medidas governamentais acabaram por centralizar as medidas relativas ao ensino e, consequentemente, à seleção e distribuição de LDs.É nesse contexto que se dá o surgimento das apostilas, vale lembrar que as apostilas surgiram primeiramente nos cursinhos preparatórios para o ingresso na universidade e sua eficiência era atestada pelo número de candidatos que obtinha uma vaga nos cursos de ensino superior. È importante salientar que a apostila ocupa o lugar do LD, ou seja, a apostila vem toda agrupada de todas as matérias juntas, facilitando a vida do aluno e ainda a vida do professor.Os conteúdos já vem programados e as aulas praticamente já pré-determinadas.Cabendo ao professor dar a aula exigindo apenas dele o domínio dos conteúdos e ao aluno cabe receber e assimilar aquilo que foi determinado pelo professor. Por outro lado o ensino apostilado é extremamente deficitário, devido à simplicidade imposta nos conteúdos, pois as apostilas vêm com um simplismo com que são os conteúdos: apenas o estritamente necessário. Assim, essas restrições acabam por ter mais peso do que as supostas qualidades da apostila, numa sociedade em constante mudança não se pode limitar o material didático, ou seja, a venda de ilusões é promissora, um novo mercado foi-se constituindo e o ensino apostilado apenas atendeu à demanda.

O fantástico mundo da linguagem

O texto destaca a importância da linguagem e aborda vários aspectos da língua. A linguagem, seja verbal, escrita ou outras permite ao ser humano expressar qualquer pensamento. O referido texto tenta desvendar um pouco da história da lingüística. Quando se fala em ciência, logo se pensa naquelas que já são totalmente conhecidas pela humanidade, agora chegou à vez da lingüística, ciência que estuda a linguagem. A linguagem é tão importante que sem ela, não seriamos capazes de pensar. Então a linguagem é a base para todo o conhecimento humano sobre a natureza e o próprio homem. Em poucas palavras podemos dizer que a língua tem sido a principal marca da identidade de um povo e é o que faz lutar por sua liberdade e auto-afirmação, por isso, entender a comunicação humana e seu instrumento. A linguagem, é não apenas interessante e fascinante, mas sobretudo imprescindível para viver em harmonia.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

PCNs, GÊNEROS E ENSINO DE LÍNGUA: FACES DISCURSIVAS DA TEXTUALIDADE

Este texto pretende discutir as diferenças existentes entre gêneros discursivos e tipologias textuais, bem como algumas consequencias para o ensino das práticas de leitura e produção de textos. As concepções bakhtinianas de gêneros discursivos privilegiam o texto, sua constituição e sua materialidade. Conceito de linguagem e de ensino privilegiado envolve individuo, história, cultura e sociedade, em uma relação dinâmica entre produção, circulação e recepção de textos, os conceitos gêneros discursivos e tipologias textuais, feitas as devidas diferenças. As lingüísticas teóricas e aplicadas para o esclarecimento de formas como as teorias bakhtinianas vêm sendo mobilizadas. Os conceitos bakhtinianos têm a vantagem de valorizar o corpus e despertar no leitor uma capacidade de dialogar com esse corpus e, a partir de sua materialidade surpreender nas incontáveis formas assumidas pela língua, no casa a Língua Portuguesa. Nos Parâmetros nacionais para o ensino fundamental existem várias concepções de linguagem e de língua; linguagem como ação interindividual orientada por uma finalidade específica, um processo de interlocução que se realiza nas práticas sociais existentes nos diferentes grupos de uma sociedade, nos distintos momentos da sua história. Língua é um sistema de signos específicos, histórico e social, que possibilita ao homem significar o mundo e a sociedade. Produzir linguagem significa produzir discursos: em qualquer ocasião de todas as formas isso é produzir gêneros, isso quer dizer que qualquer enunciado fatalmente fará parte de um gênero, ou seja, todas as esferas da atividade humana, por mais variadas que sejam, estão sempre relacionadas com a utilização da língua. Sem dúvida alguma seguir a indicação dos PCNs para um bom ensino leitura e linguagem é uma boa e coerente indicação.
O ensino de produção textual com base em atividades sociais e gêneros textuais*
Désirée Motta-Roth**

O ensino de produção textual depende de um realinhamento conceitual da representação do aluno sobre o que é a escrita, para quem se escreve, com que objetivo, de que modo e sobre o quê, as atividades de produção textual propostas devem ampliar a visão do aluno.
As atividades sociais podem ser definidas como ações por meio das quais as pessoas tentam alcançar determinados objetivos. gênero textual é uma combinação entre elementos lingüísticos de diferentes naturezas que são socialmente compartilhados.
Há inúmeros aspectos constitutivos dos gêneros ou das situações e ações sociais das quais a linguagem é parte integrante. Os estudos da linguagem fazem referência ao contexto como “situação enunciativa”, ou, na definição de Bazerman, como o conjunto de “todos os fatores [...] que dão forma a um momento no qual uma pessoa se sente chamada a estabelecer trocas simbólicas”. Os PCN’s fazem referência à necessidade de o aluno ser educado no sentido de fazer a relação e a adequação que se estabelece entre texto e contexto: entre as escolhas que são postas a seu dispor pelo sistema léxico-gramatical da língua e o contexto de uso da linguagem, isto é, a situação social em que se encontra. A referência ao contexto é feita de diferentes maneiras: seja quando o documento enfatiza que o aluno deve ter “oportunidade de – individualmente, em duplas ou em grupos – participar de situações dialogadas” e “produzir um texto oral [...] de acordo com [...] o nível de formalidade exigido para a situação enunciativa” ; seja quando sugere ao professor, como trabalho em sala de aula, “desde bate-papos mais informais a propósito de uma obra literária até o julgamento da atitude de uma personagem do texto literário num debate regrado”, pois exigem dos interlocutores “um grau maior de formalidade e de consciência do texto argumentativo que estão produzindo na fala”

O foco da educação lingüística, portanto, recai sobre o ensino da interlocução. Ensinar linguagem passa a ser mais do que ensinar as estruturas da língua, pois se concentra em levar o aluno a desenvolver competências analíticas dos contextos de uso da linguagem de modo a se tornar capaz de analisar discursos. Os contextos, como situações recorrentes na sociedade, são constituídos na linguagem e pela linguagem e se estruturam como partes da cultura. Como construtos intersubjetivos da coletividade
Define gêneros como interações “retóricas típicas com base em situações recorrentes” num determinado contexto de cultura. Há aqui o pressuposto de que as pessoas reconhecem similaridades entre situações recorrentes e assim elaboram representações de ações tipificadas. Essa representação é um construto social, intersubjetivo, baseado em esquemas mentais das situações, que, por sua vez, são construídos a partir da experiência social, em termos de linguagem pertinente, eventos e participantes relevantes.
O ensino de produção textual depende de um realinhamento conceitual da representação do aluno sobre o que é a escrita, para quem se escreve, com que objetivo, de que modo e sobre o quê; e as atividades de produção textual propostas devem ampliar a visão do aluno sobre o que seja um contexto de atuação para si mesmo. Evidentemente, guardadas as diferenças entre a universidade e a escola, entendo que esses princípios são suficientemente gerais e valem para ambos os contextos acadêmicos.
O primeiro princípio é de que o entendimento do ato de escrever como uma prática social pressupõe a diferenciação entre escrever como grafar e escrever como produzir texto e construir significados sócio-compartilhados. O segundo é de que, para que a produção textual seja uma prática social, é necessário ter uma visão mais rica do ato de escrever em si: escrever não pressupõe apenas a produção do texto, mas também seu planejamento (antes), sua revisão e edição (depois) e seu subseqüente consumo pela audiência-alvo, para que autor e leitor possam atingir seus objetivos de trocas simbólicas.
Há, pelo menos, duas propostas relevantes para o ensino de produção textual na escola que se pautam por uma concepção do escrever como prática social.
A primeira Consiste na troca de impressões dos alunos sobre si mesmos.Proposta essa descrita em livros custeados pela própria comunidade. E a segunda proposta é explicitamente voltada ao contexto educacional, pois trabalha com a produção de texto no gênero acadêmico relatório de pesquisa, com o objetivo de produzir conhecimento.
Outro exemplo de atividade explora o âmbito da estética e da percepção. O ato de observar a obra de arte ou sua reprodução é desnaturalizado pela professora de Artes de modo a levar o aluno a fazer uma observação consciente, exercitando sua capacidade analítica.
A terceira atividade diz respeito à atividade física na aula de Educação Física. O professor propõe ao aluno que ele próprio (o aluno) seja o objeto de investigação. Ao fazer isso, o professor orienta a atenção do aluno para uma observação metódica.
Ao aprender os gêneros que estruturam um grupo social com uma dada cultura, o aluno aprende maneiras de participar nas ações de uma comunidade. Descobrir como fazer isso consistentemente na sala de aula parece ser o nosso desafio. A sala de aula de línguas talvez seja o lugar onde devemos analisar, criticar e/ou avaliar as várias instâncias de interação humana de culturas localizadas, nas quais a linguagem é usada para mediar práticas sociais.